O glúten virou o vilão do momento da alimentação e para entender um pouquinho mais do assunto, recorri a duas nutricionistas (a Jaqueline Lepsch e a Ilana Eshriqui Oliveira) para saber o que é mito e o que é realidade em relação ao consumo do glúten. Depois de conversar com elas, vou contar para vocês o que eu descobri a respeito!

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Uma das minhas dúvidas era: até que ponto excluir o glúten da dieta traz benefícios ou prejuízos?

Primeiro vamos entender um pouquinho o que é o tal do glúten. Ele é uma proteína presente em alimentos compostos por trigo, centeio, cevada, malte ou aveia.

A dieta sem glúten é indicada primordialmente em três casos:

  • Doença celíaca – doença autoimune que provoca inflamações no intestino delgado e o deixa incapaz de absorver o glúten. Isso atinge apenas 1% da população e o diagnóstico deve ser feito por um médico com exames que testam anticorpos específicos e alterações intestinais observadas por biópsia;
  • Sensibilidade ao glúten – forma de intolerância ao glúten. Atinge 3 a 6% da população. Diagnóstico clínico, por meio da observação de sintomas quando a doença celíaca e a alergia ao trigo foram excluídas;
  • Alergia ao trigo – resposta imunológica exagerada às proteínas do trigo. 0,1% da população ocidental apresenta estas condições. Diagnóstico: realizado por alergista, a partir de história clínica, exames cutâneos e dosagem de anticorpo Imunoglobulina E (IgE) no sangue.

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Se você, assim como eu, não se enquadra em nenhum desses três casos e mesmo assim deseja eliminar o glúten de sua alimentação, é importante saber algumas coisinhas que elas pontuaram em nossa conversa:

  • Não há embasamento científico para recomendar a dieta gluten-free para indivíduos que não apresentam nenhum desses diagnósticos;
  • A dieta sem glúten não está diretamente associada à redução do peso corporal. Alguns indivíduos relatam redução do peso corporal na fase inicial da dieta sem glúten, provavelmente devido à restrição de alimentos, especialmente industrializados.
  • A ausência de glúten não significa que o alimento é menos calórico! Pelo contrário, muitas vezes os produtos sem glúten são mais calóricos do que os convencionais;
  • Os produtos sem glúten são pobres em fibras, deste modo conferem menor sensação de saciedade além de possuírem maior índice glicêmico do que alimentos convencionais;
  • Muitas vezes, a dieta gluten-free leva à redução do consumo de carboidratos em detrimento do aumento do consumo de gorduras.

Achei ótimo tirar essas dúvidas e ficar mais por dentro da discussão do glúten. Foi legal que elas ressaltaram que é possível que esse hábito melhore a qualidade da alimentação, se o indivíduo substituir os alimentos com glúten por opções saudáveis e naturais, como frutas e legumes. Mas lembrem-se de que é importante buscar uma orientação adequada com uma nutricionista!

Está em dúvida em relação a quais alimentos são uma boa alternativa ao glúten? Sugiro para o café da manhã: flocos de milho ou granola sem glúten; tapioca ou pães feitos sem trigo, como pão de batata ou pão de linhaça. Para o almoço ou jantar: sopas e molhos feitos em casa, sem farinha de trigo; macarrão de quinoa ou de arroz.

Já postei algumas receitinhas sem glúten que fizeram sucesso por aqui, confira:

Bolo de batata doce com castanha do pará

Bolo de frutas sem glúten

Quiche de batata doce

Para finalizar, deixo aqui uma reflexão que elas passaram: “Acredite que a culpa pela explosão nas alergias alimentares não está na comida em si o que está nos deixando doentes é o excesso dela, por isso é muito importante buscar sempre uma alimentação balanceada, diversificada e o mais natural possível!”

Nutricionistas:

Jaqueline Lepsch (CRN 11101169) é mestre em Nutrição Humana pelo INJC/UFRJ e doutoranda em Ciências Nutricionais também pelo INJC/UFRJ.

E Ilana Eshriqui Oliveira é mestranda no Observatório de Epidemiologia Nutricional / UFRJ.

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